G20: Erguer a bandeira contra a fome e a pobreza ignorando o custo da habitação: uma promessa vazia

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G20: MUNDO HOJE Na recente reunião do G20, o Brasil destacou seu compromisso com o combate à fome e à pobreza.  Temas urgentes e sensíveis em um mundo onde a desigualdade social segue sendo um grande desafio. Contudo, ao não abordar questões estruturais como o custo altíssimo da habitação, o discurso corre o risco de soar mais como uma narrativa para conforto momentâneo do que como um plano de ação realista.

O peso do aluguel na vida dos mais pobres

Nos grandes centros urbanos do Brasil, os valores dos aluguéis têm avançado a um ritmo assustador, muitas vezes equiparando-se ou até superando o salário mínimo, que atualmente está em R$ 1.412. Para quem vive com esse rendimento, arcar com aluguel significa sacrificar necessidades básicas como alimentação, saúde e educação. Essa realidade é ainda mais dura para trabalhadores informais, que têm renda variável e frequentemente mais baixa.

Com essa pressão financeira, muitas famílias são empurradas para situações extremas, como o endividamento ou a precarização das condições de moradia, recorrendo a ocupações, favelas ou áreas de risco. Segundo dados recentes, mais de 6 milhões de brasileiros vivem em moradias inadequadas. Falar em combater a pobreza sem enfrentar esse gargalo, é como diz o dito popular, “enxugar gelo”.

O papel da habitação no combate à fome e pobreza

Habitação digna e acessível é um direito humano fundamental e, mais do que isso, um pilar para quebrar ciclos de pobreza. Sem um lar estável, é impossível garantir um ambiente seguro para a criação de crianças, o acesso a serviços básicos e a manutenção da saúde mental e física. Ainda assim, políticas habitacionais robustas raramente ocupam o espaço central nos debates sobre redução da pobreza.

Com efeito disso o aumento dos preços dos aluguéis, alimentado por especulação imobiliária, junta-se a falta de regulação e escassez de políticas públicas eficientes. Tem se tornado uma “traça” que corrói as finanças da classe mais pobre. Mesmo programas habitacionais como o “Minha Casa Minha Vida” enfrentam críticas por não atenderem plenamente às populações mais vulneráveis, muitas vezes concentrando-se em quem já possui algum nível de renda formal.

A urgência de políticas habitacionais

Para que o combate à fome e à pobreza seja mais do que uma bandeira retórica, é imprescindível que governos e organizações internacionais tratem a questão habitacional como prioridade. Entre as ações possíveis estão:

  • Regulação do mercado de aluguéis, com tetos para reajustes e incentivos à oferta de habitação popular.
  • Expansão de programas habitacionais voltados para famílias de baixa renda, com subsídios reais e condições acessíveis.
  • Revitalização de áreas urbanas com infraestrutura adequada para combater a segregação socioespacial.
  • Iniciativas de moradia social, como cooperativas habitacionais e autogestão, que têm mostrado eficácia em outros países.

O desafio de transformar discurso em ação

Neste cenário internacional, o Brasil tem potencial para se destacar como líder na luta contra a desigualdade. No entanto, para que o discurso sobre fome e pobreza alcance resultados concretos é necessário encarar os problemas estruturais que sustentam essas mazelas. Sempre considerando o custo da habitação é um deles.

Sem políticas públicas que ataquem essas “feridas abertas”, falar sobre combate à fome e à pobreza é como contar uma história bonita para crianças antes de dormir: soa bem, mas não altera a realidade. É hora de trazer para o centro do debate a questão habitacional e dar aos mais pobres a chance de não apenas sobreviver, mas de viver com dignidade.


Edição: Agnaldo Silva – Jornalista

Rede Sul Brasil de TV

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