Relógio do Apocalipse marca o tempo da nossa fragilidade frente à escalada de conflitos, armas de destruição em massa e mudanças climáticas
90 Segundos para o Fim – Em 6 de agosto de 1945, o mundo testemunhou pela primeira vez o poder devastador da bomba atômica. O ataque a Hiroshima, resultado do projeto Manhattan, destruiu uma cidade inteira e deu início a uma era de temor nuclear que moldaria o século XX. Passados 79 anos, a ferida deixada pela explosão atômica parece ter sido amplificada, não cicatrizada. Atualmente, armamentos muito mais poderosos do que a bomba de Hiroshima são produzidos e armazenados por nações ao redor do globo, enquanto os conflitos globais revelam um panorama sombrio para o futuro da humanidade.
Em 1947, uma organização formada por cientistas preocupados com os riscos existenciais da humanidade criou o Bulletin of the Atomic Scientists (BAS). Foi nessa época que nasceu o famoso Relógio do Apocalipse, um indicador simbólico que mede a proximidade de uma catástrofe global. O relógio marca a “meia-noite” como o ponto em que a humanidade enfrentará um colapso irreversível. Inicialmente, o ponteiro foi posicionado faltando sete minutos da meia-noite. Desde então, ele foi ajustado várias vezes, refletindo as tensões políticas, avanços tecnológicos perigosos e a degradação ambiental.
No início do século XXI, o relógio voltou a se aproximar do horário fatal. Em 2002, o mundo vivia os desdobramentos dos ataques de 11 de setembro, a proliferação nuclear e a guerra no Oriente Médio. Naquele ano, os ponteiros avançaram, marcando uma nova era de incerteza. Em 2023, o Relógio do Apocalipse chegou ao momento mais próximo da meia-noite na história: 90 segundos. Em 2024, diante da continuidade dos conflitos no Oriente Médio, da guerra na Ucrânia e de crises climáticas cada vez mais evidentes, o relógio permanece inalterado, mas seu alerta soa mais alto do que nunca.
Guerras e Conflitos: O Risco de Autodestruição da humanidade
Dois fatores principais sustentam a avaliação feita pelos cientistas do Boletim: o arsenal de armas de destruição em massa e os danos ambientais provocados pela busca desenfreada por recursos. Enquanto governos investem bilhões no desenvolvimento de armamentos cada vez mais sofisticados, a mudança climática é acelerada por um modelo econômico que prioriza o lucro em detrimento da sustentabilidade.
Por certo, Em janeiro de 2024, saiu o novo Boletim a Imprensa, gerado pelo BAS, onde Rachel Bronson, PhD, presidente e CEO do Bulletin , falou: “Não se enganem: zerar o Relógio em 90 segundos para a meia-noite não é uma indicação de que o mundo está estável. Muito pelo contrário. É urgente que governos e comunidades ao redor do mundo ajam. E o Bulletin continua esperançoso — e inspirado — ao ver as gerações mais jovens liderando a carga.”
Os conflitos em curso no Oriente Médio e a invasão da Ucrânia pela Rússia são apenas os exemplos mais recentes de como o uso da força militar continua a ser uma ameaça global. A combinação de guerras regionais, interesses políticos e o avanço da tecnologia bélica forma um coquetel explosivo.
Clima e Tecnologia: Uma Segunda Frente de Guerra
Portanto, se as armas nucleares representam o risco imediato de destruição em massa, o impacto ambiental de nossa era tecnológica abre uma outra frente de batalha. Isto é, com o aquecimento global, impulsionado pela queima de combustíveis fósseis e pela exploração predatória dos recursos naturais, já está causando desastres de proporções catastróficas em diversas partes do mundo. Os cientistas alertam que o tempo para reverter os danos está se esgotando – um prazo que o Relógio do Apocalipse simboliza de forma assustadoramente precisa.
90 Segundos para o Fim: A Escolha é Nossa
Embora a humanidade tenha demonstrado um poder incomparável para criar e destruir, ainda existe uma oportunidade para mudar o rumo dessa história. Diplomacia, cooperação internacional e uma mudança radical em nossas prioridades econômicas e ambientais podem ajudar a afastar os ponteiros do relógio.
Mas o tempo não está a nosso favor. Com 90 segundos restantes, é imperativo que líderes mundiais e a sociedade global despertem para a urgência da situação. A Terra pode sobreviver a guerras nucleares ou ao colapso ambiental, mas a humanidade, com sua inteligência e capacidade criativa, talvez não tenha a mesma sorte.
A pergunta que resta é: conseguiremos usar nossa sabedoria para preservar a vida ou estamos destinados a ser vítimas de nossa própria engenhosidade? O Relógio do Apocalipse continua a contar – e cabe a nós decidir em que direção.