Por Redação: Agnaldo Silva – RSB TV
Prisão de Fernando Collor – O sol brilhou sobre o Brasil na manhã desta sexta-feira (25), mas o calor do noticiário não veio das temperaturas tropicais — e sim da notícia que movimentou o cenário político nacional: a prisão do ex-presidente Fernando Collor de Mello. A detenção ocorreu por volta das 4h20 da manhã, em Maceió, Alagoas, e foi confirmada por sua própria defesa. Segundo informações preliminares que circulam na mídia, a ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que coordenou a ação quando Collor se preparava para deixar o estado com destino a Brasília.
De acordo com fontes próximas ao caso, a intenção do ex-presidente seria apresentar-se voluntariamente ao próprio ministro. No entanto, o desfecho foi outro: foi preso e encaminhado à custódia da Polícia, numa decisão que reforça o clima tenso entre antigos líderes políticos e o Judiciário.
Fernando Collor de Melo e as Eleições de 1989
Collor, que entrou para a história como o primeiro presidente eleito por voto direto — ou melhor, obrigatório — após a redemocratização do país, agora protagoniza mais um episódio que mistura passado e presente na complexa dramaturgia política brasileira. Eleito em 1989 com 35,5 milhões de votos, derrotando Luiz Inácio Lula da Silva ainda no primeiro turno, Collor simbolizou uma nova era, a esperança de uma juventude que ansiava por mudança após décadas de ditadura.
Mas o enredo que começou como uma promessa rapidamente se tornou tragédia. Dois anos depois, o Brasil passou a conviver com um novo vocabulário: “impeachment”. Em 1992, Collor foi afastado do cargo após denúncias de corrupção, marcando o início de uma série de instabilidades institucionais que se tornariam quase habituais no país.
O Brasil consagrado pela Unção do “impeachment”.
Desde então, criou-se no Brasil um roteiro quase previsível: elege-se um presidente, e, pouco tempo depois, começa a disputa pelo seu desgaste ou derrubada. A alternância de poder entre espectros ideológicos opostos tornou-se uma espécie de novela sem fim — com capítulos marcados por escândalos, julgamentos, prisões e, claro, o constante embate entre os Três Poderes.
Na metáfora da nação como um corpo, vivemos um drama em que os braços — um direito, outro esquerdo — deveriam trabalhar juntos pela sobrevivência do todo, mas insistem em agir como rivais. Quando não há colaboração, há paralisia. E o povo, coração pulsante dessa estrutura, assiste perplexo, adoecido pelas repetições dessa trama.
A prisão de Fernando Collor, mais de 30 anos após seu auge político, reforça a cicatriz de uma democracia que ainda busca equilíbrio. Um ciclo onde líderes sobem ao poder e depois se veem diante da mesma Justiça que os investiu, sendo julgados por crimes que muitas vezes atravessam décadas.
A pergunta que paira no ar não é apenas sobre Collor, mas sobre o próprio país: quantos mais capítulos ainda faltam para que essa história encontre um fim digno?