O FUTURO DO JORNALISMO FRENTE AS REDES SOCIAIS.
Desde os primórdios da imprensa, o papel central da comunicação organizada sempre esteve nas mãos de profissionais devidamente capacitados e formados. Jornalistas e repórteres dedicaram anos de estudo, aperfeiçoamento e prática para dominar a arte de informar com responsabilidade, clareza e precisão. Estes profissionais, além de serem a espinha dorsal da imprensa, são os guardiões da ética e da veracidade em uma sociedade que precisa de informações confiáveis para seu pleno funcionamento. No entanto, com a ascensão das redes sociais, observa-se uma transformação radical no cenário da comunicação, o que gera questionamentos profundos sobre o futuro e a relevância do jornalismo tradicional.
A Ascensão das Redes Sociais e o Desafio ao Jornalismo Tradicional
A popularidade dos influenciadores digitais coloca em xeque o papel dos jornalistas formados na sociedade contemporânea.
Atualmente, qualquer pessoa com um smartphone e acesso à internet pode se autointitular “repórter” ou “jornalista”. Influenciadores digitais com milhares de seguidores conquistam não apenas audiências, mas também o reconhecimento de grandes organizações e até de órgãos públicos, que direcionam verbas significativas a esses novos protagonistas da comunicação. Esse fenômeno, contudo, suscita um dilema: enquanto os influenciadores se destacam por seu alcance e popularidade, os jornalistas profissionais, com suas formações acadêmicas e experiência, enfrentam a desvalorização e, muitas vezes, o esquecimento.
Credenciais vs. Curtidas: Quando a Experiência Profissional É Ignorada
Casos como o ocorrido em São Bernardo do Campo revelam o desequilíbrio entre o reconhecimento dos jornalistas e o protagonismo dos influenciadores.
Um exemplo claro dessa mudança ocorreu recentemente em São Bernardo do Campo, durante o show do cantor Péricles no Paço Municipal. A equipe da Rede Sul Brasil Ltda (RSB), com anos de experiência e cobertura em eventos na região, tentou realizar a cobertura jornalística do evento, mas enfrentou dificuldades inesperadas. Apesar de terem credenciais e histórico de trabalho reconhecido, foram barrados no local, ficando à mercê de um atendimento precário e da falta de organização para receber profissionais da imprensa. Enquanto isso, outros “comunicadores” sem formação ou experiência têm recebido espaço e destaque, preenchendo um vazio deixado pela desvalorização do jornalismo profissional.
Palavra do Prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima
A Rede Sul Brasil de TV LTDA levou ao conhecimento do Sr. prefeito, Marcelo Lima, que imediatamente nos respondeu dizendo: “Lamento profundamente o ocorrido e entendo o impacto dessa situação. Infelizmente, não tivemos ciência do fato a tempo, pois a organização do evento não foi conduzida por nossa equipe.
Gostaria de reforçar o imenso respeito e apreço que temos pelos profissionais da imprensa e o quanto valorizamos a relação de confiança e parceria que construímos. Peço desculpas em nome de todos por qualquer transtorno causado.
Aproveito para ressaltar a importância da imprensa em levar informação de qualidade à nossa população e reitero nosso compromisso em fortalecer essa conexão. Contem sempre com o nosso respeito e admiração.🙏🏼”. Nossa sinceras Gratidões.
Jornalismo ou Entretenimento? O Risco da Desinformação na Era Digital
A liberdade de imprensa corre perigo ao ser confundida com a produção de conteúdos que priorizam viralização em detrimento da ética.
Essa situação levanta uma série de perguntas importantes. Ainda faz sentido manter cursos de jornalismo nas universidades? Qual o futuro da profissão quando a influência nas redes sociais parece ser o novo critério para definir quem tem acesso aos recursos e à audiência? Será que a liberdade de imprensa está sendo confundida com uma liberdade indiscriminada que desconsidera o papel histórico e ético dos jornalistas?
Por que Preservar a Profissão Jornalística é Essencial para a Democracia
A importância de valorizar profissionais comprometidos com a verdade como pilares fundamentais de uma sociedade bem informada.
O verdadeiro papel da imprensa vai além de simplesmente transmitir informações. Ele envolve responsabilidade social, compromisso com a verdade e capacidade de mediar discussões complexas. Ao substituir profissionais qualificados por influenciadores que frequentemente carecem de formação adequada e compromisso ético, corremos o risco de enfraquecer as bases de uma imprensa livre e comprometida. A “imprensa livre”, como idealizada pelos pilares democráticos, não pode ser reduzida à mera produção de conteúdo viral ou à busca por curtidas e compartilhamentos.
Os ventos que sopram em direções opostas à formação e experiência dos jornalistas não devem ser ignorados, mas sim compreendidos e questionados. Urge um debate sobre como valorizar o trabalho daqueles que dedicaram suas vidas a informar com responsabilidade, sem desconsiderar as possibilidades que as redes sociais oferecem. Talvez o futuro da imprensa passe por uma convivência harmônica entre o jornalismo tradicional e as novas mídias, mas isso não pode ocorrer à custa da deslegitimação do trabalho jornalístico profissional.
Conviver ou Competir? A Necessidade de Harmonizar o Jornalismo e as Novas Mídias
Reflexões sobre como integrar as possibilidades das redes sociais sem deslegitimar a imprensa tradicional.
Em síntese, a história nos mostra que sociedades que desprezam a imprensa profissional e substituem a verdade por um apelo superficial acabam por enfraquecer seus fundamentos democráticos. Nesse sentido, cabe a todos nós refletir e agir para garantir que a evolução das mídias respeite e valorize aqueles que dedicam suas vidas a informar e construir um mundo mais consciente e esclarecido.
Da Redação: Agnaldo Silva – Jornalista
Rede Sul Brasil de TV – RSB, 02-01-2025